Transitar de um veículo a combustão para um veículo elétrico levanta várias questões: a diferença de preço compensa? Qual o consumo num veículo elétrico?
Fazer a transição para um veículo elétrico não tem de ser um processo moroso ou confuso. O parque automóvel em Portugal tem-se rendido cada vez mais a uma condução mais confortável, económica e silenciosa - não há motivo para ficar de fora.
Então, o que precisa de saber antes de adquirir um veículo elétrico?
Autonomia e Preço
Quando se procura um veículo elétrico é fácil sentir aquilo a que se chama de ansiedade de autonomia, ou seja, sentir-se limitado por ter uma autonomia de 200km a 300km, por exemplo. Esta ansiedade e perceção de limitação na mobilidade, leva a que os compradores tenham uma tendência natural de procurar veículos com cada vez mais autonomia; normalmente, quanto mais autonomia tiver um veículo elétrico, mais caro será (dentro da mesma marca).
Neste caso, não há uma decisão certa nem errada: depende da rotina do comprador. O primeiro passo é analisar qual a rotina predominante: usa mais o carro para ir de casa para o trabalho? Usa o seu veículo maioritariamente para distâncias curtas como ir buscar os seus filhos à escola ou ir às compras? Ou por outro lado, a sua rotina exige que faça vários quilómetros numa velocidade mais elevada (como em autoestrada)?
Necessidade versus ansiedade
Para ser mais fácil de perceber o que deve ter em consideração, analisemos um exemplo prático:
O José usa o seu veículo atual para distâncias médias de 100km por dia, numa velocidade média de 60km/h dado que não usa autoestradas no seu percurso.
No caso do José, se o seu orçamento for limitado, faz sentido que compre um veículo com uma autonomia reduzida, dado que as suas necessidades também não incluem distâncias longas. Um veículo elétrico com uma autonomia de 200 a 300 kms daria um conforto financeiro ao José, bem como supriria as suas necessidades de mobilidade. Se o José tiver a possibilidade de carregar o seu veículo durante a noite ou enquanto trabalha, significa que o José só precisa de carregar o seu veículo, no máximo, três vezes por semana.
Contrariamente ao José, o Luís trabalha como comercial e necessita de usar o seu veículo para deslocações que podem variar dos 100 aos 400 km por dia, podendo ou não incluir autoestrada. No caso do Luís, adiciona-se ainda o fator tempo, ou seja, para se deslocar 400 km, se o Luís optasse por um veículo com autonomia de 200 a 300 kms, teria de carregar o seu veículo duas vezes para chegar ao seu destino e mais uma ou duas vezes para regressar. No caso do Luís, faz sentido que a compra seja feita com este cenário em mente, procurando um veículo com mais autonomia - um veículo com 500 km de autonomia seria uma boa compra para o Luís.
Um dos maiores problemas dos potenciais compradores de um veículo elétrico é sofrer antecipadamente com ansiedade de autonomia. Esta ansiedade faz com que desistam da compra por desejarem um veículo com mais km de autonomia (e que já se encontra fora do orçamento). No caso apresentado anteriormente, seria como o José apenas necessitar de uma autonomia total diária de 100 km mas desejar um veículo com autonomia de 500 km. Se o orçamento o permitir e esta escolha trouxer mais conforto ao José, continua a ser uma boa compra. Contudo, o José pode acabar por desistir da compra apenas porque não analisou bem as suas necessidades diárias.
E as viagens grandes?
A ansiedade sobre a autonomia do veículo elétrico prende-se muitas vezes com as férias ou viagens esporádicas em que o comprador terá de parar durante o percurso para carregar.
O que deve pensar é: quantas vezes faz essa viagem por ano? A resposta comum é: “de uma a duas vezes”. A solução é muito simples: alugue um veículo elétrico durante o fim-de-semana e faça essa viagem. De seguida, faça as contas sobre quanto gastou numa viagem com o carro elétrico e quanto gastaria com um carro a combustão, verifique a diferença. Se, ainda assim, não estiver confortável com uma viagem longa num veículo elétrico, certamente irá compensar ter um carro deste tipo para o dia a dia e alugar um veículo diferente - ou usar outro meio de transporte (como o comboio ou avião) - para chegar ao seu destino de férias.
No fim das contas, mesmo com uma viagem de avião nas férias, compensar-lhe-á financeiramente ter um veículo elétrico durante o resto do ano.
Assim, quando pensar em comprar um carro não exclua um elétrico da equação. Pondere estas questões que abordámos aqui, faça contas aos quilómetros que faz diariamente e avalie se não é mais vantajoso comprar um veículo elétrico para o seu dia a dia.